Desert Rose

Intoxicante. Que melhor definição para aquele olhar audaz e tão compenetrado e libidinoso. Como encará-la, meu Deus, sem fraquejar? Sem desejar, sem me machucar? Já não sei se seria ela a rosa no oásis em meu deserto ou a areia movediça a me afundar em confusão e desespero.

Proibida, mas ainda assim como o fogo ardente que atrai insetos para chama vicejante. Os lábios vermelhos e doces como o mais doce dos vinhos tintos, as mãos suaves e delicadas, o relevo de montes e vales em perfeitas proporções. Como resistir diante tamanha tentação quando se é apenas um ser humano?

O simples desejá-la é inevitavelmente letal. Se sonho ou pesadelo, eu não sei. Sonho ou pesadelo, realidade ou delírio, sempre lá está ela a me tentar, sempre lá está ela a me extasiar. E então desperto assustado, sempre temeroso. Com seu perfume ainda gravado em cada célula olfativa, em cada memória. E fugazmente, então, ela se dissipa; ela se afasta, mas continua a me açoitar.

Ela nunca será completamente minha, ela jamais será completamente de um só. Maldita flor! Maldito deserto das minhas esperanças e desejos mais íntimos! Como eu gostaria de poder tê-la sem para isso me envenenar! Maldita flor, até quando me enredará e me aprisionará com seus cruéis  e doces encantos? Amá-la é minha perdição, mas sou demasiado fraco para me libertar da adorável tortura que é contemplá-la. Essa rosa solitária é voluntariosa demais para murchar, voluntariosa demais para deixar-se abandonar sem antes lhe cravar seus profundos espinhos. Para minha dor, apenas o fogo, apenas mais dor. A dor definitiva: a morte.

Thaís Gualberto 

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9 thoughts on “Desert Rose

      • Lari Reis says:

        Bom saber. Para ser sincera, acho que nunca escutei nada da carreira solo dele. Não dando atenção a isso… Vou tentar conhecer mais aqui e ver se me agrada 🙂

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