Resenha: “Ninfeias Negras”

Ninfeias Negras

“Num vilarejo, viviam três mulheres.
A primeira era má; a segunda, mentirosa; a terceira, egoísta.”

Giverny, a pequena cidade em que famoso pintor impressionista Claude Monet viveu e pintou a série Nympheas em referência às flores de seu laguinho, é o cenário de um crime: um renomado oftalmologista é encontrado morto e todas as evidências apontam para diferentes hipóteses. Parelelamente às investigações, a história de três mulheres muito diferentes entre si e, ainda assim com muito em comum. Uma garota de 11 anos com um incomum talento para pintura. A bela professora da única escola local, tão desejosa de conhecer o verdadeiro amor. E, por fim, uma senhora idosa que tudo observa do alto de uma torre. E é com o trecho que citei acima que Michel Bussi, brilhantemente, inicia “Ninfeias Negras”.

Enquanto alguns livros levam alguns capítulos para prender o leitor, a narrativa de “Ninfeias Negras” consegue instigar-nos desde as primeiras linhas e, mais que isso, é capaz de manter o ritmo impulsivo de seu enredo até a última página. De imediato queremos conhecer cada uma das três mulheres cujos desejos são-nos apresentados e descobrir como se relacionam entre si e com o crime a ser desvendado. Todas tão misteriosas, tão passionais, tão determinadas e também profundamente perturbadas por ausências.

Impossível também não se afeiçoar à inusitada parceria entre os tão distintos, porém tão complementares entre si, Laurenç Sérénac, o delegado, e Sylvio Bénavides, seu assistente. Isso sem falar em Netuno, o querido pastor alemão tão querido por todos em Giverny, sempre a testemunhar acidentes e incidentes do dia-a-dia do povoado. E claro: torci fervorosamente pela consumação da caótica paixão entre o delegado e Stéphanie Dupain e para que a pequena Fannete conseguisse pintar suas ninfeias nos tons do arco-íris que poderiam abrir-lhe tantas portas para o mundo. Sobre a senhora idosa? Bem, eu só tive medo dela.

Outro aspecto que me agrada bastante em “Ninfeias Negras” é a maneira como a narrativa alterna o ponto de vista da velha senhora com o de um narrador observador. É agradavelmente intrigante a quase onipresença dela em todos os eventos determinantes para o desenrolar da trama. Mas isso não é difícil quando se passa a maior parte dos dias a observar do alto de uma torre em um pequeno povoado. A perspectiva dela pode ser considerada o principal elemento de apreensão e surpresa proporcionados pelo autor, a guia para que o leitor tenha as impressões que o autor deseja de modo que a conclusão seja absolutamente surpreendente.

É bastante difícil emitir uma opinião sobre essa obra sem entregar os elementos que fazem dela tão ímpar, sobretudo sem entregar o desfecho, tão espetacular, que nos apanha completamente desprevenidos (ao menos a mim). “Ninfeias Negras” cumpre muitíssimo bem seu objetivo de, como bom thriller, surpreender o leitor, e, mais que isso, desperta-nos sentimentos das mais distintas matizes, obrigando-nos a virar compulsivamente as páginas do início ao fim. Um 10/10, sem nenhuma dúvida, e que já me deixa ansiosa por ler o outro livro do francês Michel Bussi que tenho em minha coleção, “O Vôo da Libélula”.

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3 thoughts on “Resenha: “Ninfeias Negras”

    • Thais Gualberto says:

      Eu já lik 1/5 do Serial Killers, mas é intenso demais para ler tudo de uma só vez, então vou bem aos poucos hehehe Mas o que li foi excelente. Gostei bastante da abordagem do autor.

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