Resenha: Simili

Hoje trago uma resenha um pouquinho diferente das que costumo fazer, pois o que analisarei aqui será um CD!! Sim, o novo CD de uma das minhas cantoras favoritas, o “Simili”, de Laura Pausini.

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E comecemos pela arte do disco. A capa traz uma Laura sorridente e ousada para seus próprios padrões deitada sobre relva e samambaias, o que mie agrada, pois difere bastante das capas anteriores, além de achar bem bonita essa mistura de plantas. Já a “contracapa” não traz nenhuma imagem da cantora, mas sim de desconhecidos com descrições bem distintas entre eles junto dos títulos das músicas, o que me parece adequado a proposta “Simili” da nova era de Laura, cujo propósito, segundo a própria, é mostrar como somos todos similares quanto aos sentimentos apesar de todas as diferenças.  O CD em si é super gracinha e criativo, com um trevo de 4 folhas e o fundo de samambaias. O encarte, apesar de muito bem diagramado (diferentemente do de outro álbum de esquema de cores verde e branco da Laura, o “Io Canto”, de 2006) e contando com a letra de todas as músicas, deixa bastante a desejar no quesito fotos. Diferentemente de outros álbuns da Laura, “Simili” apenas a mostra em destaque em duas fotos e junto dos desconhecidos em outras duas; nessas duas também aparece Paolo Carta, marido de Laura, e, em uma delas também aparece Paola, a filha do casal que raramente é mostrada publicamente. Fora isso, o encarte alterna fundos brancos com o fundo de relva, samambaias e avencas, o que considero beeem monótono.

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Quanto às músicas, acredito que o primeiro álbum de inéditas pós-maternidade é mais que digno de uma análise faixa-a-faixa, então, vamos lá.

Essas imagens foram retiradas da página oficial da Laura Pausini no Facebook, originalmente publicadas para a contagem regressiva até o lançamento do álbum “Simili”.

Lato Destro del Cuore: 1º single do álbum e minha música favorita. Uma letra visceralmente apaixonada que começa calma, devagar e enfim explode em paixão em sua segunda metade, arrepiando aos que somos capazes de nos comover com belas canções de amor. Composta por Biagio Antonacci, o mesmo gênio por trás de “Tra Te E Il Mare” e a já clássica “Vivimi” (cuja versão em espanhol foi tema da novela mexicana “La Madrastra“, de 2005), consigo ver a música como um continuação semântica para a belíssima “Troppo Tempo” (do álbum “Inédito“, de 2011) e tenho nela uma bela trilha para minhas personagens. LDDC sem dúvidas honra a posição em que aparece no disco e também a escolha como primeiro single.

Simili: Outra canção de amor, a faixa título é enérgica, alegre, radiante e celebra os sentimentos e medos comuns a todos nós, sobretudo quando o que está em jogo é o amor, a descoberta do amor entre os que são similares apesar de tão diferentes entre si. Instrumental poderoso e vocais, como sempre, incríveis. Certamente será single…

200 Note: A música é toda uma descrição detalhada e apaixonada da lembrança do contato entre duas pessoas que se amavam. Uma melodia suave e intensa, orquestrada e tocante; uma veemente declaração de amor e por fim a constatação de que já não se havia nada a fazer para retornar àquele momento de tanta alegria. Me comovi bastante da primeira vez que a ouvi e certamente me irá inspirar muito com meus personagens. 🙂

Innamorata: Música mais fraca do CD na minha opinião. Embora a introdução com uma mescla de ritmos espanhóis com batida eletrônica soe muito bem, Laura Pausini não combina com electropop. O refrão é especialmente irritante, pois é só a batida eletrônica, sem os intrumentos típicos da música espanhola que aparecem em outros trechos da canção. Gosto muito da letra sensual, mas o arranjo enterra a música, infelizmente.

Chiedilo Al Cielo: Intensidade define boa parte das músicas de “Simili” e com CAC não é diferente. Uma letra metafórica sobre nossos desejos e o acaso, mas não vejo nada especial na música. Só mais uma entre muitas.

Ho Creduto a Me: Mais uma música que não se destaca entre as 15 faixas que compõem o álbum. Uma bela letra sobre acreditar em si próprio e reconhecer os próprios erros, um instrumental bonito e… Não muito mais que isso.

Nella Porta Accanto: Uma das faixas mais tipicamente pop do álbum; deliciosamente pop. Relata um amor aparentemente à primeira vista e como o eu-lírico gostaria de se deparar com aquela pessoa e declarar tudo o que sente, mas acaba só fazendo perguntas tolas para puxar assunto e ter algum contato. Um enredo super cotidiano em uma música totalmente cativante, tem todo o potencial para ser um excelente single. <3

Il Nostro Amore Quotidiano: Essa música cativa e emociona porque dá para deduzir que Laura a compôs relatando sua própria relação com Paolo Carta, desde seu início, e exatamente por isso é uma das mais belas canções do álbum. É mais uma daquelas que começa tranquila e apaixonadamente explode após a metade. Também considero a faixa com um grande potencial para single. Os primeiros acordes da música lembram o tema da série Downton Abbey, a propósito.

Tornerò (con calma si vedrá): A grata e grande surpresa de “Simili“. Aqui Laura se aventura uma vez mais em uma sensualíssima melodia tipicamente latina, porém conseguindo tudo o que não consegue em “Innamorata“. Os primeiros acordes, um solo de piano, remete aos anos 50, um clima clássico e elegante, mas logo palmas, castanholas e guitarras acústicas nos surpreendem. A atmosfera torna-se algo acalorada e é impossível não se sentir envolvida ou não imaginar uma festa veranil sob a luz das estrelas e do luar e você sendo cortejada e dançando a girar a saia e sorrir encantada durante o inevitável flerte… A letra não tem muito a ver com isso, mas é assim que visualizo essa música.

Colpevole: Me lembra muito a sonoridade de “Il Mio Beneficio“, música do álbum “Primavera in Anticipo“, de 2008, e sutilmente a de “Come Vivi Senza Me“, do “Inèdito“, de 2011. E assim como as outras duas aborda um relacionamento que não foi bem sucedido. Excelente música, é a mais raivosa presente em “Simili“.

Io C’Ero (+ Amore x Favore): Mais uma aventura da dona Laura em terrenos que não explorara antes em sua discografia, mais uma música que seria muito mais interessante com outro tipo de arranjo – mais pop, menos electropop. Me irrita muito o “solo” eletrônico, realmente gostaria de uma versão com outro arranjo.

Sono Solo Nuvole: Posso confessar que chorei com essa música na primeira vez que a escutei? Minhas pálpebras começaram a encher ainda na delicada introdução em piano e o ritmo do refrão me lembra um pouco o ritmo do refrão “The Best of Me“, de Daniel Powter. Introspectiva, melancólica, triste e bela.

Per La Musica: O arranjo me lembra muito “Gone Gone Gone“, de Phillip Phillips. Mais uma das músicas em que Laura celebra a música (olá, metalinguagem!), como em “Música Sarà” (“Tra Te e Il Mare“, 2000) e “Io Canto” (“Io Canto“, 2006).

Lo Sapevi Prima Tu: Mais uma música que Laura dedica a seu pai, para quem ela já havia dedicado a belíssima e melancólica “Viaggio Con Te“, do álbum “Tra Te E Il Mare” (2000). A melodia de sua introdução lembra discretamente a melodia de “Come Si Fa“, também do álbum de 2000. Bem mais alegre que VCT, LSPT lista lembranças e semelhanças entre pai e filha permeada por um arranjo bem pop no refrão.

È a Lei Che Devo L’Amore: Como não se emocionar com a vozinha de Paola entre os versos dessa bela canção em família? Dispensa mais comentários <3

Em suma, “Simili” é mais um bom álbum da dona Laura, porém, ao menos na minha opinião, não chega aos pés de suas obras-primas (“Resta in Ascolto“, 2004; “Primavera in Anticipo“, 2008), tampouco se equipara aos que considero os álbuns mais fracos da discografia da italiana (“Laura“, 1994; “La Mia Risposta“, 1998).

Favoritas: Lato Destro del Cuore; 200 Note; Nella Por Accanto; Tornerò (Con Calma Si Vedrai).

Enche Linguiça: Innamorata; Io C’èro (+ Amore x Favore).

Nota: 8,5/10

Vocês podem conferir o álbum completo na playlist abaixo:

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13 thoughts on “Resenha: Simili

    • Thaís Gualberto says:

      Pois é… Lembro que minhas músicas favoritas da Sandy eram Não Ter e Inesquecível. Aí nos meus quinze anos descobri que as originais era Non C’è e Incacellabile, da Laura Pausini… Mas estas foram as únicas músicas da Laura que Sandy gravou… Depois ela passou a gravar versões da Celine Dion e dizer que o que é imortal não morre no final haha

  1. Lari Reis says:

    Que legal ver uma resenha tão completa sobre um álbum da Laura!
    Ainda não ouvi esse – aliás, faz tempo que não ouço nada dela – mas, as músicas de Laura me ajudaram muito quando eu comecei a aprender italiano.

    Beijos

  2. Rodrigo says:

    Como é legao ver alguém escrevendo uma resenha sobre album da Laura, obviamente sem vir com o “ótima!”, “excelente” ou “Laura acerta sempre”. Googling, essa foi uma das pouquissimas opções que apareceram. Melhor, vc conhece bem o histórico dos albuns anteriores. Não tããão lá atrás quanto eu, mas o suficiente.

    Sobre a opinião em si (que é só um detalhe), vc é a primeira essoa que tb odeia Innamorata além de mim. embora a execução ao vivo tenha feito-a mens insuportável. Aliás, eu tb passe a amar Io C’ero depois de ver e ouvir os shows. Onde mais discordo…Torneró pode ser a pior das 250 músicas que ouvi dela. Mas, claro, ouvimos a mesma coisa. A diferença está no gosto por ritmos latinos. Onde eu me surpreendi foi Ho Creduto a Me. Não só porque virou single, mas porque também é forte e intensa, com que de raiva parecido com Culpevole. Na turnê, além de um cenário lindo, um arranjo novo mudou um pouquinho sua cara. “Cara”? É, por ai.

    Obrigado pela leitura!

  3. Adriana says:

    Me deixa tão feliz ler uma resenha sobre o trabalho da Laura. A Laura é uma artista maravilhosa, que possui um potencial vocal tão grande e sempre apresenta músicas com uma letra e sonoridade bonitas, e não apenas músicas comerciais para vender.
    Infelizmente a grande maioria dos brasileiros só conhecem uma música e acham que ela só tem essa música, por questões de má publicidade e divulgação aqui.
    Mas acho simili um álbum muito bacana, como primavera in antecipo que eu também amo … Enfim é muito bom saber que tem pessoas que apreciam o trabalho da dona Laura *_*

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