Te Conozco Desde Siempre

Te Conozco Desde Siempre

Um amor platônico redescoberto e por fim consumado. Uma loucura de uma mulher apaixonada ou um relacionamento com futuro para Paula e Octavio? Continuação de “Lonely Tonight“. 

Teria sido um impulso maldito ou uma benção reveladora? Aquela noite impensada, o desejo havia muito esquecido. A mesma sensação de familiaridade que a tranquilizava, atormentava-a. E ansiava por mais daquela emoção que mal sabia como descrever em palavras. Isso é certo?, perguntava-se. Não tinha a resposta e sabia bem que ninguém a teria.

Ela, uma mulher divorciada havia mais de 5 anos; ele, um homem traído e ainda não oficialmente separado da mãe de suas 3 filhas. Na solidão de seu apartamento, Paula mal compreendia a si própria. Como podia um sentimento outrora tão infantil tê-la arrebatado depois de tanto tempo? Talvez fossem os anos, talvez fosse a compreensão mútua. Conheciam-se por toda a vida, confiavam um no outro, confidenciavam-se um com o outro. Mas seria correto envolverem-se tão intensa e repentinamente?

Respirou fundo. Em poucos minutos Octavio estaria lá e poderiam conversar o que dias antes reprimiram em nome da normalidade e das aparências. Teria sido tudo uma mera casualidade ou uma loucura de uma mulher redescobrindo uma paixão adolescente. Um toque na campainha e mais um profundo respirar. Ajeitou o vestido, passou a mão pelo cabelo e dirigiu-se à porta.

_ Oi, Paula – cumprimentou, com um sorriso contido.

_ Oi, Octavio… Entre… – convidou, amigável, porém distante. – Aceita uma bebida?

_ Não, obrigado… – recusou Octavio, sentando-se em um dos sofás da sala. – Toda uma vida, não, Paula?

_ Toda uma vida, Octavio… E eu não sei sequer por onde começar…

_ Acho que não se trata de começar, mas de aceitar… Aceitar que já nada será como antes…

Paula baixou os olhos e suspirou. Eis uma verdade incontestável.

_ Eu te amei por toda a minha adolescência… Em silêncio, naturalmente… Os anos passaram e aquele sentimento desvaneceu… Eu te vi ser pai, eu mesma me apaixonei, tornei-me mãe… E te via como um bom amigo, irmão da minha melhor amiga, conselheiro para momentos difíceis, confidente… Nunca imaginei que algum dia voltaria a enxergá-lo com os mesmos olhos que a Paula adolescente… Mas aconteceu… E você está certo, é impossível que tudo volte a ser como antes… Mas eu não me arrependo… Porque por duas vezes na minha vida eu me apaixonei pelo grande homem que você é e desta vez eu não estou disposta a desistir sem sequer tentar… Somos ambos livres agora e a idade já não é um precipício entre nós… E quanto ao que os outros possam pensar… Frankly, my dear, I don’t give a damn…

_ Bem… Eu sinceramente não sei se estou pronto para um relacionamento… Mas estou surpreso por você… E estou surpreso comigo mesmo, pois não me arrependo… – virou-se para Paula e, pela primeira vez desde que se cumprimentaram à porta, fitou-lhe os olhos. – Muito pelo contrário…

Com Paula imóvel a encará-lo incrédula, Octavio aproximou-se. Puxou a caneta que desajeitadamente prendia parte do cabelo dela e tocou-lhe o ombro por sobre a alça do vestido preto.

_ Posso? – indagou Octavio, algo tenso, porém comovido.

_ Todo lo que quieras…

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