Turquesa com causa!

Vocês devem ter reparado que o blog ficou turquesa de repente. Bem, a mudança temporária tem motivo: 08 de maio foi o dia mundial de combate ao câncer de ovário e maio é para esta silenciosa doença o que outubro é para o câncer de mama e novembro para o câncer de próstata.

Crédito: Divulgação/Roche

Digo que o câncer de ovário é uma doença silenciosa justamente por seus sintomas iniciais serem extremamente corriqueiros a outros mal-estares, incluindo os decorrentes do próprio período menstrual ou de má digestão, como dor abdominal ou na região pélvica, aumento de volume abdominal, azia, aumento da frequência urinária, dor lombar (dor nas costas), prisão de ventre, náusea, fadiga, dor durante a relação sexual, alterações menstruais e sangramento. Naturalmente, isso dificulta muito que haja um diagnóstico precoce, de modo que, na maioria dos casos, cerca de 75% dos casos, a doença é descoberta em estágio avançado. Além disso, ele demora a apresentar sintomas, crescendo bastante antes de ser detectado.

Segundo levantamento do Instituto do Câncer de São Paulo, o câncer de ovário é o 3º mais comum em mulheres e é o câncer ginecológico com maior índice de mortalidade, sendo ainda o tumor ginecológico de diagnóstico mais difícil e com menor chance de cura. Para o ano de 2016, o INCA estima que serão diagnosticados 6.150 novos casos da doença. Diagnosticado anualmente em quase 250.000 mulheres em todo o mundo, o câncer de ovário é responsável por 140.000 óbitos por ano e, diferentemente de outros cânceres, os países desenvolvidos e em desenvolvimento são igualmente afetados pela doença.

Embora mais comum em mulheres em idade pós-menopausa, pode acometer também mulheres jovens, o que, para estas, em geral é devastador, visto que a esterilidade é uma sequela que acomete boa parte das diagnosticadas com a doença. Como normalmente a descoberta é tardia, a remoção de um dos ovários ou mesmo de todo o aparelho reprodutor é muitas vezes inevitável, bem como a própria quimioterapia pode antecipar a menopausa no caso de pacientes que tiveram preservado o ovário saudável.

É importante salientar ainda que cistos no ovário não costumam ter relação com câncer de ovário. Contudo, quando são grandes ou têm características suspeitas, exigem cirurgia para esclarecer a dúvida. Cerca de 10% dos casos apresentam componente genético ou antecedentes familiares da doença ou de câncer de mama antes dos cinquenta anos de idade, ao passo que 90% são esporádicos, isto é, sem fator de risco conhecido. Para mulheres sem antecedentes familiares, o maior fator de risco é a idade.

Embora não haja nenhum meio específico de prevenção, consultas periódicas ao ginecologista facilitam que se qualquer alteração nos ovários seja diagnosticada mais precocemente, o que além de melhorar o prognóstico, minimiza as sequelas. Manter um peso corporal saudável poderá também reduzir o risco. Cabe ressaltar ainda que o exame preventivo, também conhecido, como Papanicolau, não é capaz de detectar  tumores de ovário, embora seja indispensável para o diagnóstico precoce de tumores de colo de útero. Exames de imagem e exames de sangue para marcadores associados ao câncer de ovários são os mais utilizados, além da biópsia, obviamente, para conclusão do diagnóstico.

Thaís Gualberto

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