Resenha: White Light

* Não deixem de ler a parte I do conto Extranjera/Foreigner, parte do projeto Second Best, um spin-off de uma das séries que escrevo *

Para quem gosta de música internacional, tenho certeza que ao ouvir a palavra Irlanda é o U2 e seu vocalista Bono Vox que vêm à mente. Para mim, no entanto, não. É no quarteto dos irmãos Jim, Sharon, Caroline e Andrea Corr e os arranjos que orgulhosamente mesclam o pop à beleza da melodia irlandesa tradicional que eu inevitavelmente penso. Eis que após um hiato de 10 anos, alguns bebês, dois álbuns solos da vocalista Andrea, dois álbuns solos da violinista Sharon como vocalista, o casamento de Andrea e a morte do patriarca da família Corr, enfim a banda tornou a se reunir em 2015 para o lançamento de White Light, sexto álbum de inéditas e primeiro em dez anos do The Corrs. E é esse o álbum que resenho hoje!

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Embora seja bastante simples, a arte do álbum me agrada. Remetendo ao título do álbum, não faltam luzes diante o grupo, bem como há um painel com luzes azuladas e arroxeadas por trás e água sob os pés dos irmãos, o que, particularmente, considero que cria um efeito bem legal. O encarte é bem colorido e traz uma foto individual de cada integrante do grupo e também duas imagens do grupo reunido. As letras de todas as músicas constam no encarte, assim como créditos e agradecimentos.

the corrs white light

I Do What I Like: As primeiras notas da introdução me lembram Birthday, da Katy Perry, porém logo fica evidente que uma música não tem nada a ver com a outra. A vibe dancepop lembra a que o grupo apresentou em seu terceiro álbum, o excelente In Blue, de 2000. Bem ao fundo, no refrão, é possível notar alguns dos acordes tipicamente irlandeses, que ficam bem evidentes perto do fim da canção. Excelente e alegre faixa, foi a escolhida como segundo single do álbum.

Bring on the Night: Primeiro single extraído do álbum, BOTN é mais uma faixa que remete aos trabalhos anteriores do The Corrs, dessa vez se assemelhando ao material presente no álbum Borrowed Heaven, de 2004. O toque tradicional irlandês e mesmo o pop característico da banda estão mais presentes nessa faixa que na primeira, o que a torna uma escolha segura como primeira música de trabalho diante aqueles que já eram fãs do grupo.

White Light: Faixa título do álbum, considero como a mais enérgica e pop do trabalho. Bons vocais de Andrea e uma letra positiva diante momentos de dificuldade que acontecem na vida de alguém.

Kiss of Life: Uma das mais belas músicas do álbum, tanto em letra como em melodia, ainda assim, soa-me mais pop que as faixas mais melancólicas do In Blue, álbum mais pop da banda, o que não é nenhum demérito, sobretudo em tempos em que o pop é mais eletrônico que qualquer coisa.

Unconditional: As batidas que acompanham os primeiros versos lembram um pouco “Cool for the Summer”, da Demi Lovato, logo, algo de “Teenage Dream”, da Katy Perry (e talvez também de alguma outra música cujo nome não consigo lembrar haha), faz-se presente no refrão. Mais uma faixa pop, mais uma excelente música sobre o amor; minha favorita do CD.

Strange Romance: Com certa semelhança a “Hold On”, do trio Wilson Phillips, no refrão, e uma tristeza delicadamente revelada em seus versos, Strange Romance explode pouco antes do fim e revela-se grandiosa.

Ellis Island: Uma ode à Ellis Island, uma ilha na foz do Rio Hudson, no Porto de Nova York, pela qual os imigrantes irlandeses chegavam à América no final do século XIX e começo do século XX; uma ode à América em si por ter acolhido tão bem aqueles imigrantes que queriam contribuir para o crescimento da terra mais próspera do Novo Mundo. Uma belíssima faixa praticamente acústica, tão sutis os arranjos que a acompanham. Goodbye Ellis Island, hello land of free.

Gerry’s Reel: E um álbum do The Corrs não estaria completa sem ao menos uma faixa instrumental mesclando instrumentos populares com outros tipicamente irlandeses. Pelo título da faixa, deduzo que seja uma homenagem a Gerry Corr, pai dos irmãos, falecido em meados de 2015.

Stay: Extremamente alegre, é contagiante apesar de sua simplicidade. E contagia sobretudo nos trechos em que se sobressaem os instrumentos tradicionais irlandeses e o violino de Sharon.

Catch Me When I Fall: Uma atmosfera intrigante e elegante é a marca de Catch Me When I Fall, cuja sensualidade é evidenciada na entonação que Andrea dá aos versos e também nos arranjos e no clamor do eu-lírico porque seu interlocutor seja seu salvador. É a faixa que mais destoa do álbum como um todo, e que mais se aproxima da aura de mistério já adotada pelo grupo no álbum Talk on Corners, de 1997, meu favorito da banda (juntamente com Borrowed Heaven).

Harmony: Mais uma canção que remete à Irlanda, terra mãe dos irmãos. Amo o arranjo, sobretudo nos trechos sem canto. Obrigada The Corrs por me fazerem amar a música irlandesa tocada com seus instrumentos típicos!

With Me Stay: Versão acústica de Stay, gosto bem mais da versão que encerra o álbum. Tanto soa mais adulta como mais criativa, tendo inclusive um quê Colbie Caillat .

Favoritas: Unconditional, Catch Me When I Fall, Strange Love, Bring on the Night

Enche Linguiça: I Do What I Like, Stay (não exatamente enche linguiça, mas mornas em relação às demais do álbum)

White Light, em suma, é mais um excelente trabalho dessa banda que não me decepcionou em nenhum de seus trabalhos, porém peca por não trazer novidades e parecer uma mescla ou sequência dos álbuns In Blue e Borrowed Heaven, ambos do começo dos anos 2000. Por outro lado, é excelente que continuem com o pop com elementos tradicionais irlandesas e não tenham sucumbido ao electropop que domina as rádios, pois essa mescla inusitada de moderno e tradicional é a essência do The Corrs. E que não haja mais hiatos tão longos da minha banda mista favorita :p <3  Nota 8/10 e fiquem com o áudio do álbum no spotify!

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7 thoughts on “Resenha: White Light

  1. Lari Reis says:

    Finalmente, li o post! haha
    Ouvi um trecho das duas músicas para as quais você colocou o vídeo. Minha afinidade com o The Corrs (ainda) não existe – tirando “Everybody Hurts” -, mas me interessei pelo álbum. Vou ouvir!!
    By the way, ótima resenha. Você sempre teve uma habilidade diferente da minha para falar dos álbuns. Eu sempre me mantive numa visão geral. Então, acho super legal ler algo num formato diferente e que tenha qualidade 🙂

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