*trilha sonora ao fim do texto
O sol de meio-dia brilhava no alto do límpido céu de começo de outono quando Luciano cruzou os limites de La Hermosa. O requinte de ter nome da propriedade rebuscadamente entalhado em madeira nobre junto da porteira principal condizia com os enormes campos que por minutos estenderam-se e, até onde alcançavam os olhos, estendiam-se nas laterais da estrada de terra. Uma enorme propriedade produtiva… Octavio não exagerou na descrição… Absolutamente fascinante… La Hermosa, contudo, não era seu destino, mas apenas uma parada obrigatória. Em pensar que tudo isso e também Montes Claros são administrados por uma só mulher… Não me surpreende que ela precise de ajuda, mas sim que por tanto tempo tenha-se mantido praticamente sozinha e com sucesso diante essa vastidão…
Luciano abriu sua janela e apoiou o cotovelo para fora da janela. Fez menção de levantar os óculos escuros para enxergar os reais tons que o cercavam, mas a claridade ofuscava-lhe a visão. Os muros que delimitavam as dependências da casa grande já lhe eram visíveis e aproximavam-se rapidamente. E quando já estava próximo o bastante, os portões abriram-se como se de sobreaviso já estivessem. No pátio rodeado por flores e folhagens ainda bastante vistosos, estacionou. Com a camisa azul marinho rigorosamente para dentro da calça preta e com as mangas dobradas ate os cotovelos, desceu do Land Rover verde escuro metálico. Respirou fundo e pendurou os óculos escuros junto do abotoamento da camisa.
– Bem-vindo a La Hermosa, Luciano Guillén! – anunciou para si próprio, rindo, notando não haver ninguém no pátio.
0
Economista & Escritora. Apaixonada por ficção, música, política e coisas fofas. Aqui vocês terão resenhas e, principalmente, textos ficcionais escritos por esta que vos “fala”.