Em seu sétimo romance, “Primeiro e Único“, Emily Giffin nos apresenta ao mundo das competições de futebol americano universitário por meio das melhores amigas Shea e Lucy. Com seus pais enfrentando um traumático processo de divórcio, Shea foi praticamente criada no seio da perfeita família de Lucy, filha do famoso e adorado treinador Clive Carr. Enquanto Lucy é decidida, persuasiva e vaidosa, Shea é mais reservada, conformista e apaixonada por futebol americano, paixão esta internalizada pela convivência com o treinador Carr.
Editora: Novo Conceito
Páginas: 446
Onde encontrar: Saraiva, Amazon, Americanas
Com a morte da mãe de Lucy, resta ao treinador a missão de unir e motivar a família, o que, obviamente, inclui Shea. E é a partir desse baque que Shea põe-se a reavaliar sua própria vida: um namoro com alguém por quem não morre de amores; um emprego no departamento de esportes da faculdade em que se formou no qual estava já havia mais de dez anos; uma vida inteira na mesma cidade.
Não, a sinopse oficial do livro não te prepara para o desenrolar dessa trama corriqueira (tampouco o parágrafo anterior), porém repleta de interessantes matizes. A começar que o primeiro e único da protagonista não foi quem eu de cara imaginei ser, mas ainda assim descobri o indivíduo correto antes de a situação ser explicitada no enredo. A dor e a superação do luto, relação entre pais e filhos, amores proibidos, violência doméstica, traumas, arrependimentos, a busca por um sentido na vida – todos temas abordados com habilidade, porém, ainda assim, de maneira leve.
Pessoalmente discordo do breve discurso desarmamentista de algumas personagens. Considero bem picareta a associação que feita entre armas e violência, quando é sabido e notório que 1. os estados mais armados da América são os menos violentos, uma vez que saber que se alvo pode reagir repele a ação criminosa 2. Mass shootings só acontecem em gun free zones – todos os tiroteios que repercutem se dão em zonas em que armas são proibidas, mas esse detalhe é sempre omitido pela mídia, que é majoritariamente desarmamentista 3. Brasil está aí, população desarmada e 60 mil homicídios/ano, pois quem quer cometer crime com arma de fogo sempre vai conseguir pela via ilegal enquanto tem a certeza que sua possível vítima estará desarmada e com meios mais restritos de oferecer resistência. Mas enfim, isso é apenas uma divagação que, como leitora assídua da temática, não poderia deixar passar. De maneira nenhuma me oponho a que a autora utilize suas personagens para transmitir suas próprias visões de mundo, naturalmente; só me oponho às ideias. Para quem tiver interesse/curiosidade a respeito da ótica liberal (nunca mostrada pela mídia) quanto ao tema, recomendo os livros Violência e Armas, de Joyce Lee Malcom, e Preconceito Contras as Armas, de John Lott Jr..
POR OUTRO LADO, AMO como o livro menciona vários cantores e músicas country, vários que amo, aliás, como Carrie Underwood, Brad Paisley, Dixie Chicks, Sara Evans, Rascal Flatts, Tim McGraw, Garth Brooks. Mas um livro ambientado no Texas não poderia ser diferente hahaha Isso sem falar nos momentos bem-humorados da história, a maioria deles dos personagens fazendo galhofa da própria desgraça.
“Nunca me tornei uma dama do Sul. […] Assim, eu acabava com caras como Miller, que quebravam todas as regras e, nas palavras da minha mãe, calçavam botas em todas as ocasiões erradas, ou seja, nos casamentos”.
Assim sendo, apesar de minhas ressalvas teóricas em relação a alguns posicionamentos de algumas personagens, eu recomendo fortemente a leitura de Primeiro e Único para todos os que, como eu, apreciam histórias cotidianas. Virei rápido as páginas, ri em vários momentos, fiquei tensa em outras e odiei alguns poucos, mas trata-se, sem dúvidas, de uma boa história. E mesmo que você não goste de futebol americano (bem, eu detesto todas as variantes de futebol) e esta seja uma parte muito veemente da narrativa, continuo a recomendar essa história, pois acima de tudo é uma história sobre pessoas e o que há de bom e ruim em cada um de nós e sobre os trade offs inusitados com os quais nos deparamos no decorrer da vida. Não é meu favorito de Emily Giffin (Presentes da Vida é insuperável), mas é muito superior ao que considero como o pior da autora (Ame o que é Seu), portanto, 9/10!
Thaís Gualberto
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Economista & Escritora. Apaixonada por ficção, música, política e coisas fofas. Aqui vocês terão resenhas e, principalmente, textos ficcionais escritos por esta que vos “fala”.
Adorei a resenha Thaís!! Fiquei muito curiosa para ler o livro *-*
Um beijão!! 💕
Natália, vou ocultar o post porque eu o postei sem querer antes de terminá-lo! Aviso quando estiver novamente disponível haha Beijos!
Agora sim, Natália! Resenha publicada completinha como deve ser 🙂
Thais, eu gosto muito de futebol americano, então olhando por esse lado devo gostar bastante da história, hehe! Acho que não li nada da Emily Giffin ainda, então esse talvez seja uma boa iniciação 🙂 Se bem que você disse que outro livro é o seu favorito, então eu talvez comece com ele! Independente disso, já quero na minha estante! 😀
Beijo!
Dani, o futebol americano é onipresente nesse livro hehehe Não é meu favorito, mas é muito bom e super recomendo! Acho que não vai se arrepender se lê-lo 😉 Beijos!!
Nossa, foi mal, mas não consegui me interessar pelo livro, sério, não costumo gostar de histórias assim, achei meio pesadinho 🙁
Beeeijos amore