Phineas Taylor Barnum, mais conhecido como P. T. Barnum, foi um grande (e controverso) empreendedor americano do século XIX, famoso como criador do circo moderno e por usar sensacionalismo a fim de promover os seus shows, tendo atuando ainda como autor, editor, filantropista e político. E foram a vida e a obra de Barnum que inspiraram o filme “O Rei do Show“, estrelado por Hugh Jackman, Michelle Wiliams, Zac Efron, Zendaya e Rebecca Ferguson.
Obviamente, a versão apresentada por Hollywood é bastante romanceada em relação aos fatos reais, porém, não vejo isso como prejuízo ao enredo, muito pelo contrário. Em “O Rei do Show” somos apresentados a um Barnum (Jackman) de origem humilde e que conheceu o amor de sua vida, Charity (Williams), ainda na infância, quando acompanhava o pai no trabalho como alfaiate. Sempre sonhando com um mundo mágico, Barnum desafia as barreiras sociais e casa-se com a filha do patrão do pai. Mas é apenas com alguns anos de casamento e duas filhas pequenas que ele, após a falência da firma em que trabalhava, enfim realiza seu maior desejo: abrir uma espécie de museu de curiosidades. O empreendimento não tem êxito, mas ele logo vislumbra um saída: produzir um show que não poderia ser ignorado, estrelado por freaks, fraudes, bizarrices e rejeitados de todos os tipos.
O musical tem uma introdução enérgica, já com uma apresentação de Barnum junto dos componentes de seu circo da música “The Greatest Showman”, com uma potente coreografia capitaneada por Hugh Jackman. A próposito, a performance do ator como cantor e dançarino foi, ao menos para mim, uma das mais gratas surpresas do filme. Jackman incorporou com maestria as inúmeras facetas de seu personagem, sobretudo energia, paixão, ímpeto e ambição. O episódio introdutório é vigoroso e ao primeiro instante captura a atenção do expectador, que fica encantado diante tantas cores, passos bem marcados e energia.
O trecho seguinte, que nos introduz ao protagonista, traz um ritmo completamente distinto, narrando a infância de Barnum. É praticamente impossível não se comover com o idílico número das crianças apaixonadas que enfrentam as distâncias física e social para se unirem em matrimônio na vida adulta. O arco em que Barnum recruta os freaks e as fraudes também empolga, sobetudo os momentos em que o futuro capitão Tom Thumb e Lettie, com sua impressionante voz, são descobertos, bem como o momento em que ele convence Carlyle (Efron) a ser seu sócio e ajudá-lo a transitar pela elite nova iorquina que o via como completa fraude.
(spoiler alert!)
Houve 3 momentos em especial que me comovi bastante. No mais intenso deles, somos presenteados com magistrais interpretações de Jackman e Williams trocando olhares que dizem muito mais que uma centena de palavras durante a apresentação organizada por Barnum para a soprano Jenny Lind (Ferguson). Outro deles se dá quando Barnum impede os componentes do circo de participarem do coquetel após a apresentação de Jenny Lind, demonstrando uma mudança de personalidade do criador do “maior show da terra” a fim de agradar a elite de Nova York. A isso se sucede o excelente número de “This Is Me“, liderado pela brilhante Lettie (Keala Settle). Por fim, as belíssimas acrobacias e troca de olhares de Zendaya e Zac Efron em “Rewrite the Stars”, cujos personagens Anne e Carlyle apaixonaram-se à primeira vista.
(end spoiler alert!)
Confesso, aliás, que a atuação de Zac Efron superou as minhas expectativas (que eram bem baixas rs). Ele fez um excelente par com Zendaya, com quem foi extremamente competente nas cenas que exigiam olhares mais expressivos que palavras. Esse tipo de cena, a propósito, foi um dos aspectos que mais me impressionou/agradou no filme. O vigor dos números musicais é outro grande destaque, brindando o expectador com um verdadeiro espetáculo, em uma metalinguagem mais que apropriada ao enredo. A trilha sonora original do filme é fantástica, com o próprio elenco cantando na maioria das faixas (Rebecca Ferguson não canta “Never Enough”). Nesse sentido, destaco as perfomances de Hugh Jackman, como já comentei, e de Keala Settle, com timbre e potência vocal incríveis.
É sensacional constatar ainda que, em tempos de politicamente correto e politização exacerbada de qualquer tipo de minoria, não há espaço para vitimismo no filme. Participar do show de Barnum leva aquelas pessoas a descobrirem seus verdadeiros talentos e a se orgulharem por serem quem são, ainda que atraiam alguns olhares tortos. Temos, em “O Rei do Show”, uma história sobre mérito, persistência, sonhos, superação, aceitação, ousadia e trabalho duro.
Apenas um aspecto do filme deixou-me desconfortável: o figurino. Ainda que belíssimo e bastante vivaz, este não me pareceu condizente com o período histórico em que se passava a história. E tanto é assim que, até a metade do filme, mais ou menos, eu pensei que a história estava ambientada no começo do século XX, quando na verdade ela se passa na era vitoriana, no século XIX, como fica claro quando Barnum e sua trupe apresentam-se para a própria rainha Victoria.
Embora eu não seja uma grande apreciadora de musicais, fiquei absolutamente encantada com “O Rei do Show”. Dito tudo isto, recomendo que assistam o filme e permitam-se impressionar e emocionar com o excelente espetáculo que é “O Rei do Show”. 10/10.
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Economista & Escritora. Apaixonada por ficção, música, política e coisas fofas. Aqui vocês terão resenhas e, principalmente, textos ficcionais escritos por esta que vos “fala”.
Quero TANTO ver esse filme, Thais!
Tá super na minha lista porque amo musicais e Zac Efron ahahhah
beijoca