25/12/2020. Eis o Natal que levarei na minha memória por toda a vida. Foi nesse Natal que, pela primeira vez, recebi a Eucaristia.
Se já havia sido uma grande graça receber o batismo no Advento, que é um tempo tão significativo, o que dizer de receber a primeira Comunhão no Natal? Que enorme carinho de Deus comigo! E também do Padre Lucas, quem celebrou a missa naquele dia e ainda preparou uma linda vela para que eu renovasse os votos feitos no Batismo.
Naquele dia, eu já estava em um misto de tensão e comoção quando me dirigi à igreja junto dos meus padrinhos para a missa de Natal em que seria celebrada minha primeira Eucaristia. Que enorme responsabilidade havia no momento que eu estava por viver! Pedia a Deus que, apesar de todas as minhas misérias, eu O recebesse com a devida dignidade, contudo, não sabia o que esperar do momento em si. Ah, também era a minha primeira vez em uma missa celebrada no rito extraordinário!
Durante a liturgia da palavra, fui profundamente tocada pelas palavras do Padre, quem muito expressivamente explicou-nos o mistério do Natal, mencionando entre muitos aspectos mais diante todos algo similar ao que me dissera um dia antes “Você terá pela primeira vez o Verbo Encarnado em seu coração, sua manjedoura”. Foi uma homilia riquíssima e comoveu-me especialmente o momento em que ele falou sobre minha conversão ao cristianismo por inteiro que é a Igreja Católica. Foi também o momento em que, não sem alguma tristeza, constatei como em meu coração havia o desejo de que meus pais fossem partícipes naquele momento, que eles compartilhassem da mesma fé e pudéssemos vivê-la em família…
Eis que chegou o grande momento, o clímax da celebração: a Liturgia da Eucaristia. Eu assistia maravilhada e emocionada como naquela missa de Cristo Rei do Universo em Jacksonville pouco mais de um ano antes, porém com um tom distinto: desta vez eu poderia participar plenamente da celebração. E a cada gesto do Padre diante o altar, meu coração acelerava, pois mais próximo estava o momento. Então um dos acólitos aproximou-se, entregando a vela e instruindo-me a me posicionar no genuflexório diante o altar. Tomei a vela, respirei fundo e segui. Posicionei-me. Ministrado o sacramento aos acólitos, o Padre aproximou-se de mim portando a Hóstia Consagrada, a qual depositou em minha língua. Eis que por fim eu tinha a Nosso Senhor Jesus Cristo em mim. Como, naquele instante, pedi a Deus que conservasse em mim a avidez na digna busca para receber o corpo de seu filho unigênito. Que alegria enorme! Como ter um Natal mais feliz que isso?
Em algum momento da missa lembrei-me inclusive de uma passagem do livro “Teologia do Corpo para Iniciantes” do Christopher West na qual o autor conta sobre seu sogro, quem teria dito finalmente ter entendido o significado de “Tomai e comei, isto é meu corpo” (Mateus 26,26) ao receber a Eucaristia na missa do dia seguinte a ter recebido o sacramento do Matrimônio. A Eucaristia é a ceia do casamento do Cordeiro de Deus, é o momento em que temos a oportunidade de sermos uma só carne com Nosso Senhor, que por amor doou-se para nos redimir. Quanta responsabilidade, que enorme graça.
Ao fim da celebração, surpreendi-me com os desconhecidos que se aproximavam chamando-me pelo nome, parabenizando-me e dizendo terem rezado por mim ao longo da missa. E que feliz foi poder reencontrar outros amigos e conhecidos com quem eu tivera contato um ano antes na novena de Advento que meus padrinhos realizaram. Eu não era digna de tanto, mas Deus presenteou-me enormemente naquele dia e vou-me empenhar para que esse grande momento sempre volte ao pensamento quando eu me afligir ou desanimar.
Não tenho palavras para agradecer o empenho e a assertividade do Padre Lucas quanto aos suporte enorme que tem-me dado até aqui e sem o qual eu não teria conseguido avançar na fé e receber os sacramentos. Estarei sempre rezando pelo senhor, principalmente para que o Espírito Santo continue a lhe inspirar as palavras e os atos. Agradeço também aos meus padrinhos, Mateus e Nathália, sempre presentes, atenciosos e pacientes com essa ansiosa afilhada, mas dessa vez em especial ao Mateus, quem fotografou os grandes momentos da cerimônia. Ao André, músico da igreja, que tirou fotos maravilhosas de seu privilegiado ângulo no coro e esteve responsável pela trilha sonora. Por fim, mas sempre em primeiro, agradeço a Deus pelo modo como me iluminou a razão para que eu tocasse a Verdade e não resistisse a ela, por cada dia da minha vida, por cada desafio e por me proporcionar viver os sacramentos de iniciação em um tempo e uma data tão especiais.
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Economista & Escritora. Apaixonada por ficção, música, política e coisas fofas. Aqui vocês terão resenhas e, principalmente, textos ficcionais escritos por esta que vos “fala”.