Meredith Barrett tinha apenas 8 anos quando o caos instalou-se de maneira aterradora sobre sua família. Não bastasse seu pai estar desempregado após anos trabalhando para a mesma firma, sua irmã mais velha, Marjorie, começou a apresentar sintomas de esquizofrenia. Diante do fracasso do tratamento psiquiátrico, o patriarca Barrett recorre a um padre da região, não demorando a que produtores de TV tomem conhecimento do caso. Com as dívidas crescendo mês a mês e o padrão de vida da família caindo, a família aceita expor seu drama no programa “A Possessão”. Quinze anos depois do exitoso programa, somos apresentados aos fatos sob o ponto de vista de Meredith, que é entrevistada por uma autora best-seller. Eis apenas o começo do premiado thriller psicológico “Na Escuridão da Mente“, de Paul Tremblay.
Onde comprar: Saraiva, R$ 29,90 – 39,90
Editora: Bertrand Brasil
Número de páginas: 262
Antes de tudo, é importante dizer que “Na Escuridão da Mente” não é um típico enredo de terror. Embora tenha-me sentido apreensiva durante a leitura e tenha virado as páginas de maneira compulsiva do meio do livro em diante, em nenhum momento senti medo. A apreensão proporcionada, contudo, é psicologicamente perturbadora, pois todo o tempo os personagens nos confundem, de modo que é impossível decifrar em qual deles devemos acreditar a respeito do que realmente está acontecendo. Apesar disso e do lento começo da narrativa, é impossível não notar que todos na família Barrett sofrem alguma perturbação e, com isso, não virar compulsivamente as páginas para descobrir o que aflige cada um.
Ideias… Eu estou possuída por ideias. Ideias que são tão antigas quanto a humanidade, talvez até mais, certo?”
O pai desempregado apega-se quase fanaticamente da religião; a mãe passa a fumar descontroladamente e beber muito; suspeita-se que a filha mais velha esteja possuída por um demônio e a filha mais nova desesperada por atenção e completamente desorientada. Junte a isso uma equipe de TV 24h dentro da sua casa, a presença constante de um padre. Parece quase impossível manter-se são em um contexto desses, não? E é exatamente isso que, ao menos para mim, é a sacada de mestre de Tremblay, pois conforme se progride na leitura, nota-se que os dramas daquela família são anteriores ao clímax da situação. Há alguém dissimulando algum dos fatos ou pessoas em conluio para sustentar a bizarra situação? Seria mesmo um caso de possessão? Como permitiram que uma menina de 8 anos testemunhasse tudo isso quando tinha uma tia que podia ficar com ela, como foi mostrado em diversas passagens do livro?
Um detalhe interessante é que a narrativa intercala Meredith suas lembranças a uma jornalista com as publicações feitas por Karen Brissette no blog “A Última Finalista”, no qual resenha séries, filmes e livros de terror, a respeito do reality show “A Possessão”, transmitido 15 anos antes. Não me surpreendeu, quando, além da metade da narrativa, Meredith confessou a jornalista que Brissette era seu pseudônimo e que pretendia continuar a usá-lo para publicar suas impressões sobre a série de que fez parte e assim simular neutralidade ao abordar o assunto. Por outro lado, é absolutamente enfadonho e irritante como, por meio do blog, a protagonista evoca toda a verborragia insossa do feminismo de terceira onda e todo o preconceito marxista diante elementos como classe média, empresários, conservadores , republicanos e cristianismo – aquele discurso raivoso bem nível DCE mesmo, sabe?
Não há como falar em detalhes sobre o desfecho da história sem grandes spoilers, mas garanto que não decepciona. Sem dúvidas, a conclusão do depoimento para a escritora é o momento mais surpreendente e chocante da narrativa, ainda que eu tenha conseguido vislumbrar que era para isso que enveredava o enredo. Parece-me ainda que o autor usou propositadamente uma criança como principal narradora dos fatos para transmitir uma ideia confusa, uma certa dúvida a respeito de se os ocorridos na família eram verdade ou devaneios de uma criança criativa e entediada, o que funciona, porém torna muito da narrativa arrastada. Enfim, ao menos para mim, um 7.5/10.
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Economista & Escritora. Apaixonada por ficção, música, política e coisas fofas. Aqui vocês terão resenhas e, principalmente, textos ficcionais escritos por esta que vos “fala”.
Olá, como vai?
Nossa, adorei seu blog. Dei uma olhada na resenha que fez de um dos álbuns da cantora Carrie Underwood. Você já escutou Luke Bryan? Também é um cantor de country norte-americano muito famoso e possui uma trajetória musical muito linda! Se quiser, dê uma passada no meu blog e deixe seu comentário. Aguardo sua visita.
http://entrelinhasentrepautas.blogspot.com.br
Abraços,
Jennifer